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Daniella Castagno, vice-presidenta da AVACI: “Estamos ao serviço de outras sociedades”


Por Ulises Román Rodríguez


A roteirista Daniella Castagno, presidente da Sociedade de Diretores, Roteiristas e Dramaturgos do Chile (ATN), recentemente eleita vicepresidente da Confederação Internacional de Autores Audiovisuais (AVACI) e membro do Conselho Executivo da Federação de Sociedades de Autores Audiovisuais Latino-Americanos (FESAAL), fala sobre seu novo papel, a refundação da AVACI e dá um vislumbre do que serão as Assembleias Gerais anuais das organizações FESAAL e AVACI, que ocorrerão nos dias 5, 6 e 7 de novembro de 2024 na Cidade do México, com as sociedades locais SOGEM e SOMEDIRE como anfitriãs deste encontro histórico que se configura como o mais importante para autores e sociedades de roteiristas e diretores audiovisuais em nível global.


Sobre esse novo desafio, a roteirista chilena enfatizou a importância da FESAAL e afirmou que "foi a FESAAL que nos inspirou a empreender um caminho internacional por uma necessidade de nos abrir para o mundo".


Além disso, Castagno falou sobre seus objetivos como vicepresidente da AVACI, destacando "maior união no setor, recuperar a essência da organização, apoiar as novas gerações e promover maior participação das mulheres na tomada de decisões".


Em entrevista ao AV Creators News, a presidente da ATN afirmou: "abriria todo esse caminho convocando as novas gerações a perderem o medo e lutarem pelos sonhos". E recordou uma das frases utilizadas durante a campanha da organização que dizia: "deixemos de ser invisíveis".


Quais são os pilares fundamentais para a refundação da AVACI?

- Esta refundação era essencial para percorrer os caminhos que precisamos trilhar, mas também por uma necessidade de união e conhecimento. Com os anos que nos conhecemos, sabemos quais foram os problemas enfrentados por cada sociedade em cada país e os obstáculos que tiveram que superar para avançar. Em alguns países, há obstáculos políticos, legais, técnicos ou a falta de unidade entre os próprios membros das sociedades. Nesta refundação, estamos recuperando nossa essência. Sabíamos que havia coisas que não podíamos permitir, então voltamos às nossas raízes, inclusive porque nossa língua (espanhol) havia sido completamente negligenciada.


- Quanto ao seu papel como vicepresidente da AVACI: quais são os principais desafios exigidos pelo cargo?

- Há desafios mais valorativos e outros mais técnicos. Em termos valorativos, a primeira coisa é a união. Precisamos caminhar juntos e de mãos dadas, super unidos, porque é isso que nos fortalece para avançar. Outro desafio é o conhecimento do cenário em que estamos atuando: quais são as necessidades das outras sociedades que integrarão a AVACI e trabalhar em conjunto para ajudar e cooperar com elas, como fizemos com os integrantes da FESAAL. No Chile, desde minha experiência como presidente da ATN, recebemos todo o apoio dessas organizações para nos estabelecermos, ganhar peso e sermos levados a sério. O mesmo precisamos fazer pelas sociedades emergentes que precisarem de nosso apoio. Por exemplo, se houver uma sociedade na África que necessite de nosso apoio, estamos ao serviço de outras sociedades para isso. Portanto, acredito que para a AVACI avançar, a unidade é fundamental, o conhecimento do cenário em que estamos trabalhando e a força técnica de cada departamento. Sabemos que a luta é complexa, mas já aprendemos um pouco sobre o caminho a seguir. Então, o que sabemos, não devemos esquecer.



- Quais são, na sua opinião, os maiores desafios que enfrentam para alcançar esses objetivos?

- Acredito que sempre precisamos estar atentos e dispostos a nos adaptar às diferentes mudanças. Mas também aprender e usar os conhecimentos adquiridos anteriormente. As gerações que vivenciaram as mudanças desde o cinema, televisão, cabo, internet, streaming, sempre ouviram a frase "até aqui chegamos". Mas não é assim: aprendemos a navegar em outras águas. Sempre haverá tempestades, mas por isso acredito que devemos enfrentá-las. O mais difícil depende do momento, da situação, do país, da política... depende de mil fatores. Nada é fácil, nunca foi. Mas sinto que temos pessoas muito valiosas dentro de nossa AVACI que me fazem acreditar profundamente nelas.


- O que significa ter um cargo tão importante ocupado por uma mulher?

- Eu adoraria que isso não fosse "algo especial", mas é, porque somos uma grande minoria nos meios de comunicação em todos os aspectos de produção e trabalho. No entanto, acredito que a visão de uma mulher sempre é diferente da de um homem e, por isso, somos uma boa combinação. Sabemos que os objetivos que temos são os mesmos e sinto que temos uma sensibilidade diferente, o que sempre é uma contribuição. Também acho que precisamos convocar mais mulheres. Quando fui nomeada, recebi ligações de mulheres de todas as partes e senti que isso era muito importante para muitas outras. Foi aí que percebi o peso, porque quando fui nomeada vicepresidente, encarei isso como parte do trabalho. Então, sinto que vou apoiar muitas outras mulheres ouvindo-as, prestando atenção ao que é importante para elas. Mas não sinto que represento apenas as mulheres, mas sim todas as pessoas que trabalharam na FESAAL, porque me sinto uma trabalhadora neste processo que construímos ao longo dos anos.



- Em relação à sua trajetória como roteirista e à experiência com as responsabilidades que teve e tem, o que pode ser contribuído às novas gerações de diretores e roteiristas que queiram fazer parte da FESAAL?

- Um dos primeiros objetivos deve ser convocar e receber as pessoas de braços abertos. Porque ao longo do caminho, tivemos que encontrar portas fechadas e tivemos que pedir para ser ouvidos. Portanto, a primeira lição é que precisamos estar de braços abertos e convocar sem restrições. Todo mundo pode entrar, estamos abertos a todos. Se alguém quiser fundar uma sociedade, toda a trajetória que temos pode ajudar a acelerar outros processos. Precisamos abrir os braços, convocar, dar espaço, oferecer soluções técnicas, oferecer ajuda e cooperar. Mas também fazer com que saibam que não estão sozinhos, porque quando começamos neste caminho, sentimos que estamos tremendamente sozinhos. E o que nos faz avançar é que somos sonhadores e nós, que estamos aqui, somos os mesmos criadores das sociedades.



- Do seu ponto de vista, quais deveriam ser os pontos essenciais da dupla assembleia FESAAL / AVACI que será realizada na Cidade do México?

- O que mais gostaria é de nos vermos e nos abraçarmos. Acho essencial a união e a convocação. E o que mais gostaria utopicamente, embora não seja tão utópico, é receber outras sociedades de gestão, de outros países, para que a AVACI possa crescer cada vez mais. Devemos nos abrir, mas saber qual é a nossa essência, para tentar nos fortalecer e não nos mudar ou nos moldar ao gosto dos outros. Devemos ser nós, os criadores, a dizer quais serão as regras do jogo, o que é essencial. Mas outra coisa que adoraria além da unidade, do fortalecimento e do abraço, é a incorporação de novas sociedades de gestão de outros países, dos lugares mais remotos do mundo. Por outro lado, também gostaria que as mulheres pudessem ter um papel de destaque neste encontro. Que estejamos bem à frente e não mais atrás. Que possamos estar lado a lado. Mas posso garantir que na FESAAL e na AVACI, as mulheres já têm um papel fundamental.



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